O Gartner Symposium/ITxpo – principal evento voltado para CIOs e executivos de tecnologia – ocorreu no Sheraton São Paulo WTC Hotel entre os dias 19 e 22 de outubro trazendo as principais tendências para o segmento. Entre mesas redondas, stands de fornecedores de soluções e sessões de networking, duas palestras com convidados especiais atraíram a atenção do público.
Mediada por Ricardo Amorim, apresentador do Manhattan Connection da Globo News e CEO da Ricam Consultoria, a palestra intitulada Digital Entrepreneurs: Learn how Brazilian digital natives can help you to try different things contou com a presença de Ailton Brandão, Diretor Geral de TI da Kroton; Flávio Pripas, Managing Director do CUBO; Luis Cláudio Mangi, Research VP do Gartner e Michel Levy, Presidente da Zatix.
Em clima de talk show, os convidados especiais debateram o papel do empreendedor hoje em um cenário que transita entre o modelo tradicional de negócios e o modelo digital inovador – essencial para a resolução de problemas de forma criativa e eficaz.
“O empreendedor precisa ser extremamente pragmático”, afirma o Managing Director do CUBO, iniciativa coworking voltada para tecnologia. Invertendo a lógica de grandes empresas que medem o sucesso de acordo com o valor de investimento, Flávio Pripas diz que o empreendedor analisa quais são as perdas suportáveis e como agir diante delas, já que o fracasso é controlável e o sucesso não.
Outra pauta que conduziu o debate foi a importância de a educação estar alinhada às necessidades de inovação do mercado. “Ainda é a lógica de mercado de trabalho e não de empreendedorismo”, critica o mediador Ricardo Amorim. Segundo a mesa, é fundamental que as escolas foquem não somente no conhecimento massificado, mas também nas habilidades individuais dos alunos. Desta forma, as novas gerações ficarão preparadas para fazer pitchs, conduzir reuniões e cuidar melhor de seu marketing pessoal, além de terem o pensamento criativo estimulado.
No terceiro dia do evento, a palestra em destaque foi a do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Permeado por sociologia, economia e política, seu discurso abordou o momento de crise de legitimidade enfrentado hoje pelo país e a influência da tecnologia nesse cenário.
Com o auditório principal do Sheraton São Paulo Hotel WTC em lotação máxima e transmissão para os outros convidados no centro de exposições, FHC prendeu a atenção ao apontar que a tecnologia exerce hoje papel fundamental na aproximação entre população e instituições – que por tradição vivem distantes no Brasil. O ex-presidente citou inclusive as manifestações de 2013 como um fato inédito no país por não terem tido uma única liderança, representando a força que as novas tecnologias exercem na sociedade, agindo na potencialização de transformação de valores.
Fernando Henrique Cardoso também analisou a experiência política nacional fragmentada e a crise de legitimidade vivida hoje que conflita a mudança cultural pautada em novas tecnologias com a herança patrimonialista e corporativista brasileira. Em uma piada triste, diz que o futuro do Brasil não é imprevisível, e sim o seu passado, referindo-se a falta de transparência e praticidade em instituições.
Seu discurso clamou pela necessidade de mudança estrutural apoiada por novas tecnologias. O Brasil de hoje, integrado à economia global, precisa de liderança consistente e novas formas de integrar a população a empresas e a representantes. “Futuro é sempre construção, não é dado. Precisamos reinventar o futuro”, finaliza.